'A Arte, Semiótica e Agitação e Propaganda: Rumo a uma Estética Comunista Brasileira' (Rafa, Bertolucci)

Precisamos descolonizar nossa simbologia para que uma verdadeira revolução brasileira possa ocorrer. É imperativo que dialoguem diretamente com o povo e a cultura brasileira, empregando símbolos e referências que eles compreendam.

'A Arte, Semiótica e Agitação e Propaganda:  Rumo a uma Estética Comunista Brasileira' (Rafa, Bertolucci)
"Nomes como Tarsila do Amaral, Portinari e Oscar Niemeyer influenciaram profundamente a arte moderna e a arquitetura no Brasil. No entanto, nossa capacidade de criar uma estética comunista brasileira contemporânea é limitada."

Por Rafa, Bertolucci para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Prezados camaradas,

Saudações fraternas! Esta tribuna foi elaborada com o intuito de aprofundar nossa reflexão sobre a construção de uma estética comunista genuinamente brasileira, bem como de explorar estratégias diversas para avançar nessa missão, que consideramos de extrema relevância para nossa luta.

A aplicação da semiótica como uma ferramenta de engajamento é uma realidade incontornável nos dias de hoje. Grupos extremistas se beneficiam amplamente desse conhecimento, reconhecendo que a semiose subjacente aos memes desempenha um papel crucial na obtenção de visibilidade. Um exemplo notório é o meme do sapo Pepe, amplamente popularizado em círculos extremistas, e o uso da semiótica em campanhas políticas, exemplificado pela eleição de um ex-presidente baseada em estratégias midiáticas e humor.

Portanto, é vital uma análise aprofundada dessa questão. A semiótica, para aqueles menos familiarizados, engloba os elementos presentes em imagens e textos criados, e é importante ressaltar que todos esses componentes carregam uma carga ideológica. Não existe arte desprovida de intenção; a semiótica está intrinsecamente ligada aos detalhes construtivos da comunicação.

Nesse contexto, enfatizamos a importância de disseminar nossos símbolos. Ao desmistificar nossa identidade e demonstrarmos que compartilhamos a mesma realidade que nosso público, podemos criar uma comunicação mais inclusiva, acessível a todos. Isso implica abordar duas questões cruciais para nossa revolução: agitação e propaganda. Não devemos aderir de forma rígida a abordagens ortodoxas nesses campos; ao contrário, precisamos descolonizar nossa simbologia para que uma verdadeira revolução brasileira possa ocorrer. É imperativo que dialoguem diretamente com o povo e a cultura brasileira, empregando símbolos e referências que eles compreendam.

Precisamos incorporar elementos superficiais e profundos em nossa comunicação. Não devemos descartar possibilidades simples apenas por não serem parte de nossa realidade imediata. Os signos possuem um poder ideológico que muitas vezes supera os discursos. Devemos avaliar cada situação e determinar qual tipo de diálogo é mais apropriado, pois o objetivo da comunicação ampla é tornar as informações significativas para o público. Devemos simplificar a compreensão de nossa causa, desmistificar nossos avanços e atrair o público-alvo. Na construção de nossa revolução, devemos ser percebidos como armas ideológicas inseridas nas massas.

Esta discussão está intrinsecamente ligada à nossa compreensão da cultura como um elemento central da agitação e propaganda. Para forjar uma estética comunista autenticamente brasileira, é imperativo que abandonemos a estética ortodoxa soviética, embora não devamos renunciar ao legado das revoluções passadas. Enquanto defendemos esse legado, nossa prioridade é o futuro. Como Pedro Marin argumenta, "Não há dúvidas de que Eisenstein tenha sido um grande cineasta, mas 'Eles não usam black tie' se comunica melhor com nosso povo do que 'A Greve'."

O PCB desempenhou um papel fundamental em movimentos artísticos no passado, e é impossível contar a história do Brasil sem mencionar nossa contribuição. Nomes como Tarsila do Amaral, Portinari e Oscar Niemeyer influenciaram profundamente a arte moderna e a arquitetura no Brasil. No entanto, nossa capacidade de criar uma estética comunista brasileira contemporânea é limitada. Essa estética não vai surgir apenas do esforço individual de um militante visionário; deve ser o resultado de iniciativas coletivas e organizadas.

É fundamental discutir as direções da arte contemporânea e seu potencial para abordar questões cruciais para os comunistas, como a preservação do meio ambiente, as relações entre humanos e tecnologia e a valorização da cultura popular. Observamos uma participação limitada de artistas comunistas nesse cenário elitista. Quantos talentos permanecem subutilizados devido ao capitalismo, artistas que podem perder espaço no mercado de trabalho devido à ascensão da Inteligência Artificial? Devemos criar nossos próprios espaços culturais, festivais e exposições de arte, promovendo nossos artistas em nível nacional e recuperando nossa capacidade de influenciar as tendências artísticas, colocando todo esse talento a serviço da revolução.

Essas são as reflexões que compartilhamos, gostaríamos que mais contribuições acerca do tema fossem enviadas e se houverem críticas fiquem a vontade também. Venceremos camaradas, e até o XVII congresso!