42 anos depois de Sabra e Shatila, o genocídio do povo palestino continua
Durante três dias consecutivos, os grupos fascistas da Falange cometeram atos brutais de nos campos de refugiados palestinos do Líbano. A memória de Sabra e Shatila ainda perturba as mentes e corações de todo o povo palestino.
Por Redação
Nos dias 16 a 18 de setembro de 1984, as milícias fascistas da Falange libanesa atacaram os campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, em Beirute, capital libanesa. Na época, o Líbano passava por uma dura guerra civil, que impôs ao povo libanês, dentre outras várias fatalidades, a brutal ocupação militar de seu território pelas forças de defesa israelenses (IDF) em 1982.
O Líbano, desde a Nakba – a tragédia do povo palestino quando expulso de suas terras em 1948 – foi e continua sendo um dos destinos prioritários da diáspora palestina, abrigando milhares de famílias que foram obrigadas a deixar suas casas pela força das armas israelenses e seu projeto permanente de limpeza étnica.
Desde que invadiu o Líbano, em 1982, sob prenúncio de expulsar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) do país – que, na época, ainda aderia à luta armada –, as IDF não conseguiram derrotar a resistência libanesa. Alguns dias após a partida das forças revolucionárias de Beirute – rumo ao segundo exílio na Tunísia – as gangues fascistas, sob ordens e apoio direto do então Ministro da Defesa de Israel, o criminoso de guerra Ariel Sharon, e seu Chefe de Estado-Maior, Rafael Eitan, invadiram os campos habitados por milhares de refugiados palestinos, libaneses pobres, sírios e outros.
Entre as barbáries sem fim da guerra civil, estão marcados com sangue na história dos povos palestino e libanês os massacres de Sabra e Shatila. Durante três dias consecutivos, os grupos fascistas da Falange cometeram atos brutais de assassinato e tortura, dilaceraram mulheres grávidas, massacraram crianças, mulheres e idosos, e derrubaram abrigos, soterrando os moradores. Os anos de 1984-5 no Líbano foram marcados pela brutal guerra aos campos palestinos.
Diante dos atos, o exército israelense de Ariel Sharon assegurou que as milícias prosseguissem com a matança, até que a notícia do massacre se espalhou e as imagens foram vistas pelo mundo todo. Sharon foi declarado “pessoalmente culpado” pelo massacre por uma comissão de inquérito israelense no ano seguinte. Isso não o impediu de ocupar o cargo de Primeiro-Ministro de Israel em 2001.
O 42º aniversário dos massacres de Sabra e Shatila é lembrado em um momento da história em que a guerra de extermínio contra o povo palestino liderada pelo exército de ocupação sionista, com a conivência dos países do ocidente e o silêncio da maioria dos regimes árabes, continua a se desdobrar. Hoje, o povo palestino em Gaza, na Cisjordânia e em Al-Quds – assim como a resistência no Líbano – enfrenta uma guerra de genocídio e limpeza étnica raramente vista na história contemporânea. O objetivo de Israel é acabar com a Palestina e estabelecer seu controle sobre os recursos e a riqueza dos povos da região.
O 7 de outubro de 2024 marca um ano ininterrupto da ofensiva israelense sobre homens e mulheres, idosos e crianças palestinos após a Operação Tempestade Al-Aqsa, lançada corajosamente pela resistência palestina em resposta à violência sionista que é diária na Palestina, pelo menos desde 1948.
Diante de mais de 75 anos de dominação e terror, Israel segue impune em face do genocídio que realiza, tendo a comunidade internacional e os países da região como cúmplices silenciosos. O número de civis mortos na ofensiva covarde de Israel já passou dos 42 mil, e os feridos ultrapassam a marca dos 96 mil. Um número considerável de vítimas está sob os escombros, as equipes de ambulância e defesa civil não conseguem alcançá-las, suas famílias não conseguem velá-las.