31 anos do massacre do Carandiru

O carandiru, bem como cada massacre promovido dos anos 90 até o presente, não é mero “resquício da ditadura” a ser superado pela “democracia” e sim uma parte como qualquer outra da democracia burguesa na periferia do capitalismo.

31 anos do massacre do Carandiru

31 anos atrás, em 02 de outubro de 1992, ocorreu o massacre do Carandiru

Nessa data a Polícia Militar do Estado de São Paulo invadiu a “Casa de Detenção de São Paulo” para “conter uma rebelião”. O saldo da ação foi o assassinato de 111 pessoas, com tiros na cabeça e com mordidas de cães.

O massacre do Carandiru ocorreu poucos dias antes do aniversário da Constituição Federal de 1988 e permanece como um lembrete de toda a barbárie e brutalidade que a democracia liberal consegue sustentar.

A todos que achavam que o fim da ditadura empresarial-militar seria o fim da tortura e da repressão estatal, o carandiru veio para responder que não: Permanece a ditadura da burguesia e todos os dias seus cães de guarda estão dispostos a matar.

De 1992 até 2023 o Brasil vivenciou inúmeras outras chacinas em unidades prisionais, além de um crescimento estrondoso da população prisional que agora beira um milhão de pessoas. Mesmo fora das datas de violência explícita, o sistema prisional brasileiro permanece uma máquina de moer corpos. Somente no ano de 2022 foram mais de duas mil mortes registradas no sistema prisional, além de cerca de 17 mortes por dia promovidas pelas forças de segurança pública, sem contar as dezenas de milhares de casos de “desaparecimentos” ano após ano.

Aos que acreditavam que a justiça burguesa e o Estado Democrático de direito poderiam enfrentar a barbárie, que o massacre do carandiru era uma tragédia que seria combatida pelas forças da democracia, os tribunais da burguesia fizeram questão de refutar. O mesmo tribunal que absolveu 74 dos policiais envolvidos no massacre é que dia a dia condena e prende inúmeros trabalhadores por furtos movidos à fome, por tráfico e por crimes contra a propriedade.

O carandiru, bem como cada massacre promovido dos anos 90 até o presente, não é mero “resquício da ditadura” a ser superado pela “democracia” e sim uma parte como qualquer outra da democracia burguesa na periferia do capitalismo. É na democracia burguesa que o povo pobre e negro é assassinado, as prisões amontoadas com números jamais vistos e então privatizadas para encher os bolsos de empresários que lucram com a miséria humana.

Se queremos justiça pelos 111 mortos deste massacre, por cada jovem assassinado ou encarcerado, se queremos o fim da guerra às drogas, desencarceramento e uma justiça que de fato sirva aos trabalhadores, então é pela própria força dos trabalhadores organizados que isso deve ser construído. É somente através da organização revolucionária do povo trabalhador, negro e explorado, na construção da revolução socialista, que o poder pode ser colocado nas mãos do povo e tirado da burguesia.