28 anos do massacre dos Carajás
No dia 17 de abril, completam-se 28 anos desde o massacre de Carajás, um dos episódios mais violentos da história da violência contra camponeses no Brasil, que se tornou nacionalmente conhecido por sua brutalidade.
Por Redação
No dia 17 de abril, completam-se 28 anos desde o massacre de Carajás, um dos episódios mais violentos da história da violência contra camponeses no Brasil, que se tornou nacionalmente conhecido por sua brutalidade.
Naquele fatídico dia, camponeses Sem Terra acampados na curva do S em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, marchavam para Belém para reivindicar a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por cerca de 3,5 mil famílias. No entanto, foram surpreendidos por 155 policiais militares, que iniciaram uma ofensiva violenta, resultando na morte de 21 camponeses, muitos alvejados à queima-roupa. Mulheres e crianças, parte das famílias em marcha, não foram poupadas da brutalidade policial.
O massacre de Carajás é emblemático não apenas pela violência infligida aos camponeses, mas também pela impunidade que o seguiu. Dos 155 policiais envolvidos, apenas Mário Pantoja e José Maria de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados, e mesmo assim, cumprem a pena em liberdade. Os demais foram absolvidos, evidenciando os interesses por trás do sistema judicial burguês.
Infelizmente, a história se repete ano após ano em todo o Brasil, especialmente nas regiões norte e nordeste, palcos dos piores massacres contra camponeses na história do país. Dados atualizados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam que essas regiões continuam sendo as mais afetadas por conflitos agrários que resultam na morte de camponeses. A polícia militar, frequentemente a serviço dos latifundiários locais, é responsável por perpetuar essas violências brutais.
Um exemplo recente dessa violência e impunidade é o caso das famílias do Seringal do Belmont, na região de Porto Velho (RO), que tiveram suas casas incendiadas e foram torturadas por pistoleiros. Mesmo após acamparem por mais de um ano no INCRA, foram constantemente ameaçados e enfrentaram barreiras jurídicas para retornar ao seu território. A decisão judicial em favor do latifundiário evidencia a conivência do sistema judiciário com os interesses da burguesia.
Devemos manter viva a memória dos Carajás, pois os sobreviventes, que nunca receberam reparação do Estado, continuam sua luta por justiça. É claro para nós que, tanto a polícia quanto o sistema judiciário, são instrumentos nas mãos da burguesia, servindo aos seus interesses e perpetuando a violência contra os camponeses. Reconhecemos que a garantia de terra para todos os camponeses só será alcançada por meio de uma revolução socialista, que exproprie toda a propriedade privada e acabe com o latifúndio, fonte primordial da violência contra os camponeses.