Encontro da OTAN sobre a “paz” prenuncia acirramento dos conflitos internacionais

A partir dos fronts da Ucrânia e do Oriente Médio, em meio às crescentes tensões em todos os cantos do globo – com destaque para os Balcãs, o Pacífico, o Cáucaso e a África – um conflito imperialista generalizado parece se aproximar.

Encontro da OTAN sobre a “paz” prenuncia acirramento dos conflitos internacionais
Encontro da OTAN em Bruxelas, 28 de novembro de 2023.

Por PAME (Frente Militante de Todos os Trabalhadores – Grécia)

A declaração de guerra lançada na Suíça pelo bloco EUA-OTAN e seus aliados próximos ao redor do mundo contra a Rússia prenuncia a intensificação do conflito na Ucrânia e torna o risco de um conflito generalizado ainda mais visível.

A chamada conferência de paz foi um amontoado de ameaças contra qualquer um que desafie a “segurança” e a “estabilidade” euro-atlânticas, juntamente com compromissos dos EUA-OTAN de intensificar o apoio à Ucrânia com dinheiro e armas.

A exclusão da Rússia, a ausência da China e a recusa de mais de 10 Estados em assinar o comunicado final (Arábia Saudita, Índia, África do Sul, Tailândia, Indonésia, México, Emirados Árabes Unidos, Brasil – que participou como observador – etc.) demonstram a profunda polarização causada pela intensificação das tensões imperialistas, no contexto do confronto EUA-China pela primazia no sistema imperialista global.

O encontro na Suíça foi um prelúdio para a Cúpula da OTAN em Washington no início do próximo mês, onde se espera que os 32 países membros decidam os próximos passos da escalada nas tensões com a Rússia e a China.

No que diz respeito à guerra na Ucrânia, a cúpula será um marco, pois a agenda inclui em sua pauta a proposta de aumentar o financiamento para o regime de Zelensky, com contribuições regulares dos Estados-membros, reforçar o exército ucraniano com armamento novo e moderno, estender acordos para autorizar o uso de armas “ocidentais” contra alvos em território russo, envio de mais “instrutores” para os fronts de guerra e equipar a Ucrânia com aviões de guerra.

No momento, a preparação para a guerra atinge outro nível: mais de 20 membros da OTAN devem cumprir a meta da aliança imperialista este ano de gastar mais de 2% do PIB em armamentos - o dobro da cifra de cinco anos atrás.

Isso se deve em grande parte ao aumento do orçamento de guerra da União Europeia, que atingiu um recorde histórico de €240 bilhões no ano passado, com tendência a aumentar, enquanto confirma que a Europa já se encaminha para uma “economia de guerra”. Nem é preciso dizer que a Grécia está entre os campeões, gastando consistentemente mais de 2% do PIB em armamentos exigidos pela OTAN.

A partir dos fronts de guerra da Ucrânia e do Oriente Médio, em meio às crescentes tensões em todos os cantos do globo - com destaque para os Balcãs, o Pacífico, o Cáucaso e a África -, um conflito imperialista generalizado parece se aproximar.

A política criminosa da OTAN, no terreno das rivalidades irreconciliáveis com outros campos imperialistas, é um fator de instabilidade e guerra, ameaçando bilhões de pessoas em todo o mundo. Se torna cada vez mais difícil manter frágeis compromissos.

A fragilidade da situação também é evidenciada pela intensificação das ameaças da OTAN contra a China. O secretário-geral da OTAN acusou diretamente a China de ser um suporte para a Rússia na guerra na Ucrânia e de “alimentar o maior conflito armado na Europa desde a 2ª Guerra Mundial”. Ele até ameaçou com sanções econômicas contra a China, que respondeu dizendo à OTAN para não “colocar mais lenha na fogueira”.

Essa é a visão geral, considerando apenas os desenvolvimentos da última semana. É através desse prisma que também devemos perceber os perigos do envolvimento profundo da Grécia nos planos dos EUA-OTAN e, de fato, a partir de uma posição de linha de frente do país, o que torna ainda mais o povo grego um alvo.

Por isso, é responsabilidade do movimento dos trabalhadores intensificar nossa luta. A oposição à guerra imperialista significa, antes de tudo, uma luta para desvincular nossos países dos planos criminosos da OTAN, mirando os governos e todos os partidos favoráveis à guerra, a burguesia e seus aliados internacionais. Significa solidariedade para com os povos que estão lutando a mesma batalha em seus próprios países. Significa lutar para dar fim ao coração da besta, ao sistema falido que cria guerras, concorrência imperialista e exploração. Significa fortalecer a solidariedade para com o heroico povo palestino, com novas ações e iniciativas multifacetadas. Porque, por mais poderosa que a besta imperialista pareça, a esperança está nas lutas dos povos!