'Debate com Lulis - Sobre o Mov. Estudantil nas Universidades Privadas, quais os nossos objetivos no movimento estudantil' (Felix Bouard)

Pensar em espaços do Poder Popular é pensar que em determinado momento haverá um conflito, e não necessariamente conseguiremos mantê-lo e vencê-lo em um espaço onde alterações físicas são dificultadas, onde uma barricada facilmente pode ser retirada de lá por estar vandalizando um patrimônio privado

'Debate com Lulis - Sobre o Mov. Estudantil nas Universidades Privadas, quais os nossos objetivos no movimento estudantil' (Felix Bouard)
"Ora, é extremamente fácil existir com força uma organização que baseia sua atuação por congressos, notas de instagram e atos esvaziados. Todas essas ações se baseiam no diálogo, na institucionalidade, e portanto ela não a criminaliza com a potência que criminaliza as nossas ações, que fogem dessa manutenção dos Status Quo."

Por Felix Bouard para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Meu objetivo com esse texto é colocar nas tribunas de debates uma posição que já verbalizei com a camarada em questão. Sendo eles sobre a construção de espaços do poder popular e a formação de quadros proletarizados e de campos estratégicos (o que devem ser os objetivos de nossa organização para rumar à revolução socialista).

Para início de conversa eu não acho que a camarada não tenha essa compreensão, só achei que foi menos trabalhada do que deveria (sendo abordado enquanto propostas nos últimos dois parágrafos de sua tribuna). E pra meio de conversa adianto que faço essa tribuna na pressa como sempre e provavelmente não estará tão rebuscada (hehe). Mas sigamos!

Camaradas, uma coisa que tenho já discutido com Lulis é sobre como para além de ser uma resposta um tanto inconsciente, pensar a nossa inserção em universidades privadas de massas (Lulis coloca isso com “lá está classe trabalhadora, portanto precisamos nos inserir”), isso também demonstra um aspecto eleitoreiro que temos quanto ao movimento estudantil.

Por que? Camaradas, a principal argumentação que vejo em favor dessa estrutura apareceu no penúltimo CONUPE, “a majoritária consegue gastar a gente porque não estamos nas universidades de massas”, e fica por isso! Para além de construir C10 em momentos de CONUNE, quais são as possibilidades desses núcleos quando eles tentam replicar os métodos das universidades públicas?

Camaradas, é mais que importante termos como nosso eixo orientador nossa estratégia ao pensar nossa inserção em qualquer espaço. Portanto, quando pensamos em um de seus aspectos táticos >> o Poder Popular <<, aquele que visa estabelecer pequenas comunidades autogestionadas de caráter anticapitalista, que envolvidas em uma grande rede de espaços semelhantes possa fazer frente ao poder da burguesia, nos aspectos políticos e também bélicos, conseguimos ver eles sendo construídos nas universidades privadas de massas?

1 - A lógica de prestação de serviços e a possibilidade de ação do ME sob a criminalização

Sim os filhos da classe trabalhadora estão lá, mas quando eles trazem uma foice e martelo ao espaço de centro acadêmico, quando realizam nesta universidade uma greve de ocupação ou quando fazem um piquete para barrar a entrada de seu reitor, eles não partem das mesmas premissas que por vezes salvam nossos militantes de expulsões, processos administrativos ou etc.

Por que? Camaradas, não se entende que aquele espaço os pertence, reivindicar melhorias, reivindicar políticas de permanência não exige só uma mobilização, exige principalmente uma desestruturação dos ganhos financeiros desta instituição (e sinto muito camaradas mas não somos nós que conseguimos afetá-los a este ponto). Utilizar destas mesmas táticas é pedir pela derrota não só econômica mas também com uma possível expulsão de nossos militantes.

Pensar em espaços do Poder Popular é pensar que em determinado momento haverá um conflito, e não necessariamente conseguiremos mantê-lo e vencê-lo em um espaço onde alterações físicas são dificultadas, onde uma barricada facilmente pode ser retirada de lá por estar vandalizando um patrimônio privado - e isso, quando os espaços reservados ao lazer e organização des estudantes existem.

2 - A majoritária difere de nós, e nossas armas diferem das deles

Camaradas existe um fator que por vezes vejo sendo ignorado quando pensamos a diferença da inserção da majoritária e da nossa nesses espaços e no caso é o nosso entendimento do que é capaz, a partir dos estudantes, de trazer mudanças.

Ora, é extremamente fácil existir com força uma organização que baseia sua atuação por congressos, notas de instagram e atos esvaziados. Todas essas ações se baseiam no diálogo, na institucionalidade, e portanto ela não a criminaliza com a potência que criminaliza as nossas ações, que fogem dessa manutenção dos Status Quo.

Aqui denuncio portanto a forma como tentamos crescer nas universidades privadas de massa, com tais métodos, sabendo de suas problemáticas porque queremos disputar por exemplo a União Nacional dos Estudantes. E no caso, sempre falhando absurdamente pois o crescimento orgânico não consegue acompanhar a tática desonesta que faz com que a UJS lance na mesma madrugada, C3’s e C10’s em todas as universidades, compostas pessoas que talvez nunca foram em um ato sequer.

A FORMAÇÃO DE QUADROS - O PORQUÊ DA JUVENTUDE

Este ponto creio que está sendo muito debatido, nós sabemos, formamos quadros para dirigir as atividades do partido futuramente, formamos quadros porque sabemos que serão eles que estarão dirigindo nossas ações no momento da revolução, formamos quadros porque sabemos que sem eles, nossa organização está fadada a não superar a institucionalidade, a agir como partidos de massa, trazendo para manifestações grandes quantidades de pessoas sem formação para uma boa fala, uma boa agitação ou para um conflito em tal manifestação - com uma linha bem rebaixada inclusive (hehe).

Quais quadros florescem no ME de privadas de massas?

Esse ponto a camarada Lulis, em sua tribuna já trouxe e explicitou como o trabalho em seu núcleo raramente dava a esses militantes a formação que o ME traz apesar do tanto de energia que nos consome. Relação com outras forças, ações de massa, coordenação de assembleias, CEBs, greves de ocupação, piquetes, esse não é o cotidiano desses espaços, e sinceramente não acho que será. Esses militantes, dedicam 3 anos de sua vida militante a tentar se inserir em um espaço onde suas ações e sua formação não florescem, chegando posteriormente à atuação sindical como se fossem militantes recém chegados. A formação que tinham, poderiam ter em outros espaços, tocando tarefas para espaços onde não estavam inseridos ou para o Partido.

(esse ponto foi mais curto do que eu esperava, fazer o quê?)

JUNTAR OS TRABALHOS, ESTUDANTE TRABALHA! PELO FIM DE ATUAÇÃO E INSERÇÃO MECÂNICA!

Camaradas, aprofundando novamente algo que Lulis já colocou, mas eu vejo que a discussão que já temos de, distribuir nossa atuação em torno de nossos locais de trabalho/estudo, já toca um tanto nesse sentido. Isso porque coloca no horizonte a possibilidade de uma instância de base com local de inserção mais fluído. Concordo com a proposta da camarada de que se deve fundir os trabalhos de jovens trabalhadores e ME das universidades privadas de massa (inclusive por aqui os JT se organizam em torno de seu local de trabalho, mesmo que com suas debilidades). No caso falo de nossa atuação no ME buscar trazer para esses espaços as discussões que os trabalhadores de tal área tem em seus sindicatos (ou que precisam ter).

No caso, talvez não faça tanto sentido pautar a existência de um RU/Bandejão enquanto pauta econômica imediata, talvez apesar das pautas de permanência sempre reverberarem no ME, faça mais sentido que nossa AgitProp gire em torno de conectar nossa perspectiva classista, nossos horizontes com as categorias para com aquelus que agora se formam para tal, desde já semear a importância da luta organizada, de um sindicato, e apontar os rumos para tal. Ao passo que tal ponte também forme os camaradas para atuarem rumo a inserção e criação de sindicatos nas áreas onde focam nossos jovens trabalhadores.